Subjetividade da imagem:

um ato narcísico como (re)afirmação substancial da existência em “A surpresa”, de Clarice Lispector

Resumo

Clarice, nas crônicas, assim como em outros textos, ultrapassa a linguagem que perpassa a própria significação. Por isso, esse artigo busca desvendar, através da subjetividade, como a imagem da protagonista refletida no espelho, na crônica “A surpresa”, pode ser compreendida como meio de (re)conhecimento do corpo e, por sua vez, (re)afirmação da existência feminina, uma vez que partimos do pressuposto de que “A imagem é o domínio da aparência”, Sartre (2017, p.19). É tendo a imagética como ponto de partida que o leitor se depara com a protagonista do texto, que, ao ver-se refletida no espelho, surpreende a si própria. Isto é, libera de seu inconsciente a imagem das sensações (NASIO, 2009) visto que, desse ponto em diante, a protagonista passa a reconhecer o próprio corpo e se coloca como existente no mundo. Para isso, ancoramos nossa análise nos textos de Freud (2010), Sartre (/2017) Byung-Chul Han (2017) e Nasio (2009).