Usos feiticeiros da maquinaria social:
A redoma de vidro sob uma ótica esquizoanalítica
DOI:
https://doi.org/10.31416/cacto.v1i1.254Palavras-chave:
A Redoma de Vidro, esquizoanálise, gênero, máquinas, subjetivaçãoResumo
Neste ensaio fazemos uma análise do romance A redoma de vidro, de Sylvia Plath, a partir de uma ótica esquizoanalítica. Ao que se segue, descrevemos a jornada da protagonista, Esther Greenwood, em sua iniciação na vida adulta. Utilizamos um conjunto de conceitos propostos por Deleuze e Guattari para entender o modo como Esther enfrenta as demandas feitas pelos papéis de gênero. Esses dois teóricos, que constituem nosso principal referencial teórico, afirmam que no atual contexto político-econômico, o modo de funcionamento esquizo seria mais potente que o do neurótico edipificado pela psicanálise e, a partir disso, propõem a esquizoanálise como uma prática de subjetivação ético-estética. Dentro desse arsenal teórico, destacamos a ideia das máquinas sociais como os mecanismos de opressão que produzem sujeitos normatizados. As máquinas, aqui, aparecem como os meios de produção de existências. Entendemos que Esther traça algumas estratégias de autodefinição como resistência às opressões direcionadas para as mulheres, mas que estas acabam por desembocar em um enlouquecimento. Concluímos com a noção de que a resolução dessa jornada só é possível a partir da constituição de novos tipos de relação entre mulheres, o que é atingido através de um plano de consistência que dá passagens aos afetos ternos.
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