Parque Nacional da Chapada Diamantina:
Etnobotânica do Benzimento e a Cura pelas Plantas
DOI:
https://doi.org/10.31416/rsdv.v12i3.944Palavras-chave:
Etnobotânica, Benzimento, Chapada DiamantinaResumo
A presente pesquisa buscou identificar as espécies botânicas utilizadas em rituais de benzimento nas cidades de Andaraí, Lençóis e Mucugê, visando conhecer se existe um padrão do conhecimento e das práticas etnobotânicas. A coleta de dados realizou-se através de uma triangulação (observação direta, conversas informais, entrevistas do tipo semiestruturada e aberta, turnê guiada, história de vida, “bola de neve” ou Snow Ball), foram realizadas entrevistas com 28 praticantes de benzimento durante o período de abril de 2022 até julho de 2023, aspectos éticos e legais foram aplicados. Foram relatadas 40 etnoespécies, distribuídas em 29 gêneros e 31 espécies, com duas identificadas até gênero. Em nove (n=9) etnoespécies não foi possível fazer a identificação botânica devido a ausência de material botânico. Lamiaceae, Fabaceaea e Solanaceae foram as famílias mais representativas. A Arruda (Ruta graveolens) foi a espécie que apresentou maior valor de Consenso de Uso com UCs de 1,555, seguida de Pinhão-roxo (Jatropha gossypiifolia) com 1,037, sendo também as mais citadas. A maioria das espécies são exóticas (cultivadas e naturalizadas) e procedentes do próprio quintal. Oito (n=8) etnoespécies foram registradas isocronicamente nos três municípios. Todas as espécies citadas em Mucugê também foram registradas em Andaraí, fato esse sendo exemplificado pela Teoria da Neutralidade, já que as cidades são geograficamente mais próximas, compartilhando uma maior similaridade. Especificações botânicas foram apontadas que variam desde a quantidade de ramos, combinações de espécies, a posição de retirada dos galhos na planta ao horário de coleta das plantas. Logo é inegável o saber etnobotânico presente nessa prática, fazendo parte da riqueza cultural brasileira.
Referências
ALBUQUERQUE, U.P; LUCENA, R.F.P; CUNHA, L.V.F.C. Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica. Recife, PE: NUPEA, 2010.
APG IV. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society 181(1): 1-20.2016
BADARÓ, W. O. A cura em Kemet entre 1700 e 1500 a. C.: anotações, caracterização e conteúdo do papiro de Edwin Smith. Revista Eletrônica Discente História. com, v. 5, n. 9, p. 89-107, 2018. Disponível em: << http://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/historiacom/article/view/860>>. Acesso em:03.Ago.2023.
BASTOS, N. G., DE ANDRADE, W. M., DOS SANTOS, C. A. B., DE SOUZA NOGUEIRA, E. Etnobotânica do benzimento em território baiano: revisão integrativa. Peer Review, v. 5, n. 18, p. 345-365, 2023.
BERNARDINO, DA M.C.C.; LIMA, P. F., ALMEIDA, C.L.; FRANCO, F. C. A etnobotânica nos valores culturais e sua influência na formação do “ser regional”. Diálogos Interdisciplinares, 8(3).2019 Disponível em: https://revistas.brazcubas.br/index.php/dialogos/article/view/648. Acesso em: 25 Ago. 2023.
DAVID, M. D. ; PASA, M. C. Etnobotânica na cultura de benzedeiras e curandeiros, mato grosso, brasil. Múltiplos Olhares Sobre a Biodiversidade. Vol. V, 514-536. 2017. Disponível em:<<https://doi.org/10.29142/mosb5-29>> Aceso em: 03 Ago. 2023.
DE ALBUQUERQUE, U. P., Júnior, W. S. F., Ramos, M. A., & de Medeiros, P. M. Introdução à etnobotânica. Interciência, 2022.
FLORA DO BRASIL. Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 2022. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/ Acesso em: 04. Ago. 2023.
FONSECA-KRUEL, V. S. ; PEIXOTO, A. L. Etnobotânica na reserva extrativista marinha de Arraial do Cabo, RJ, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 18, p. 177-190, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abb/a/SGSG4jG5XxJNwbmpXjFmtGN/?format=pdf. Acesso em: 20. Dez. 2023.
HUBBELL, S.P. The unified neutral theory of Biodiversity and Biogeography. Princeton University Press, Princeton and Oxford. 2001.
LIMA, D. M.; OLIVEIRA, K. A. Rezadeiras e Benzedeiras do Assentamento Bernardo Marim-Pureza/RN. Cadernos de Agroecologia, v. 15, n. 2, 2020. Disponível em:<< http://cadernos.aba-agroecologia.org.br/cadernos/article/view/4190>>. Acesso em: 02. Dez.2023.
OLIVEIRA, E. C. S.;TROVÃO, D. M. B. M.. O uso de plantas em rituais de rezas e benzeduras: um olhar sobre esta prática no estado da Paraíba. Revista Brasileira de Biociências. 7(3): 245-251.2009. Disponível em: https://www.academia.edu/download/78139022/1138-6231-1-PB.pdf Acesso em: 10. Nov.2023.
OLIVEIRA, E. P., TAQUES, E. M., MOREIRA, P. V. S., SIEBEN, C. R., LORENZETTI, E. R. (2016). Plantas medicinais empregadas em benzimentos na região de Palmas-PR. Cadernos de Agroecologia, v. 11, n. 2, 2016. Disponível em:< http://www.cpao.embrapa.br/cds/agroecol2016/PDF's/Trabalhos/Plantas%20medicinais%20empregadas%20em%20benzimentos%20na%20regi%C3%A3o%20de%20Palmas%20%20PR.pdf> . Acesso em: 25 Ago. 2023.
OMS - Organização Mundial de Saúde. Estrategia de la OMS sobre medicina tradicional - 2014-2023. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/95008/1/9789243506098_spa.pdf Acesso em: 25 Ago. 2023.
PINHEIRO, B. C. S. História Preta das Coisas. São Paulo: Livraria da Física, 2021.
RABELO, T. O.; ARAÚJO, R.I.S.; ALMEIDA JR., E. Plantas utilizadas por benzedores em Quilombos do Maranhão, Brasil. Etnobiología, v. 20, n. 2, p. 20-39, 2022.
SILVA, C. F. Benzedores do leste da ilha de Santa Catarina: relações sociais e o uso de plantas medicinais nas práticas de benzeduras. TCC (graduação) –Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências Biológicas. Biologia. 2018.
SOUZA, B.M.G. Benzedura e mentalidade: sobrevivência de uma prática histórica acumulada. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 22, 2003, João Pessoa. Anais... . João Pessoa: Anpuh, 2003.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista Semiárido De Visu
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.